sábado, 20 de agosto de 2011

TUDO ACABADO ENTRE NÓS

Olá! Hoje é dia 20 de agosto. Há exato 1 ano, eu era demitida do meu emprego de 25 anos.
Atenção: isso não é um lamento, é um fato. A empresa estava de malas prontas para São Paulo e eu disse que não iria com eles. Então, o destino óbvio foi a demissão. Sem traumas, sem atropelos. Fizemos um acordo e tchau. Simples assim.

Nem tanto. Quando eu era mais jovem e via algum aposentado na televisão (sim, eu sou aposentada) meio perdido, sem saber o que fazer na aposentadoria, querendo trabalhar de novo, não só pelo salário que é pouco, mas por não aguentar ficar em casa de pernas pro ar, eu me perguntava - que doidera é essa, como é que o cara tem a oportunidade de ficar em casa, tempo livre pra fazer o que quiser e quer voltar a trabalhar, é louco?
Agora eu entendo esse sujeito. Entendo o que é ter uma vida agitada, de reuniões, viagens, eventos, orçamento, avaliação, preço.... e agora o marasmo é seu único compromisso. E o salário? E os amigos? E os papos na copa? E o happy hour? Tudo coisa do passado.


Lulu Santos já nos disse "nada do que foi será do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará...". Eu nunca tinha ouvido essa música pensando nesse contexto e aí descobri que ele tem razão. Cada dia que vivemos é uma oportunidade de fazer diferente, trilhar a mesma estrada e tentar observar coisas novas. A mudança começa dentro de nós. Não adianta alimentar o fantasma do ontem e sim sorrir para as inúmeras possibilidades do amanhã. É isso. Elas estão aí fora te esperando. Em cada esquina há o que fazer novo, melhor, de gosto, de coração. Basta ter olhos de ver.


Eu dei o melhor de mim enquanto estava lá. Isso eu sei. Vesti a camisa da empresa por 25 anos e 20 dias. Posso dormir tranquila, não tenho dúvida nenhuma. Meu marido dizia que se minha chefe pedisse pra eu comprar 50 apitos no dia 1º de janeiro eu compraria, sem me importar aonde ir procurar.
Dei o melhor de mim sim. Com certeza. Pode não ter sido o melhor pra Angela, minha chefe, pro Francisco, meu diretor, mas foi o melhor que eu pude dar naquele momento, sem falsa modéstia.


Então, me pergunto: o que posso fazer de melhor agora? O que posso fazer de melhor por mim? Pra minha vida? Pra minha família? Isso é o que preciso descobrir. Por enquanto, posso pensar em manter minha saúde física e mental em ótimas condições, posso frequentar uma academia porque exercício faz bem ao coração e vocês sabem que estou hipertensa, posso emagrecer pelos mesmos motivos, posso cuidar da minha filha e do meu marido e da nossa casa com muito amor. Acho que isso já é um começo.


O resto? Vai pintar alguma coisa. Às vezes a gente pensa que a vida tá parada, que os astros estão conspirando contra nós e de repente, quando menos se espera, surge uma oportunidade muito boa de qualquer canto e você se surpreende e fica feliz.


Eu quero ser feliz agora. Com o que tenho.


Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2011. O ano 1 do recomeço.


Isabela Battom
isabelabattom@hotmail.com

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